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mas eu sei tudo sobre seu desamor
contaminado por radioatividade
por isso invento verdades
procrastino alguns casos
é necessário dedicar um bom tempo
esquecer algumas horas da tarde
pra desvendar tuas vaidades
compreender teus fetiches
e sua obsessão por eclipses
achar graça 
das coisas que você finge que sabe
seu complexo de criança emancipada
que fala muito e nunca diz nada
as vezes te encontro perdida
vestida de poesia
me amando só de madrugada
me envenenando aos poucos
destilando a morte no conta gotas
por essas e outras
acredite quando eu digo
que seu pranto não me comove
eu sei que você só tem medo de polícia
de overdose de cocaína
e do escuro da cozinha

Porto Amaral.

são tantas as ilusões 
insondáveis
palpáveis
de paixões quase reais
algumas até inimagináveis
e quem desconfia
me desconhece
finge que não sabe
ou finge que esquece
dos fatos consumados
sobre minhas madrugadas,
meus crimes
das cervejas e pornochanchadas 
do corpo pendurado 
e da corda frágil esticada
e de pés juntos eu juro
que não me arrependo
de nada ou quase nada,
e eu que sempre sorrio demais
e acho isso um péssimo defeito
e comento suspeito minha teoria infundada
sobre seios direitos, 
mas as vezes eu não sei se gosto mais da boca
ou do beijo,
é que as vezes sou poeta
outras traficante
e quando bebo muito eu canto
as vezes ando
as vezes cadeirante
mas nunca, até hoje
experimentei ser santo.

Tupinambá.

 disfarço minhas loucuras
com muito uísque e pouco gelo
destempero meu destino 
misturado ao sabor dos teus pelos
odeio madrugadas que terminam prematuras
irresponsável auto de data que sou
e já que nunca acordo cedo
experimento seu sal
adultero seu enredo
suas curvas expostas na janela
bendita seja a mulher tropical
que fornica de olhos fechados
com os sentidos alterados
sorrindo seu sorriso 
de Monalisa mística
seu corpo repleto de mensagem subliminares
4 números ímpares
e 3 números pares
e eu sei que todos os meus clichês
são clichês vulgares
mas veja bem meu bem
não me trate com responsabilidade
sou apenas uma criança desaparecida
encantada pela noite
no centro da cidade
fazendo figa
pra nunca mais ser encontrada
e permanecer pelo resto da vida
perdida..

Plínio.

 do flerte discreto 
se fez o encanto
o charme genuíno 
olhar intenso
de quem desconhece o pranto
e beija o próprio reflexo
no espelho
passa o dedo pelos cabelos
e sorri pra tudo que é trivial
me beija como se eu fosse seu animal
de estimação
me mata devagar essa paixão
brutal
sua sombra me engole
mais treze goles
eu cruzo a cidade em hipnose
dirigindo na contra mão
e planejo mais mil pecados
ao seu lado
com o diabo no corpo
farejo teu cheiro
fico possuído
de ciúme adoecido 
só de te imaginar com outro
e sorrio
quando sinto
você colocando de novo
a corda em meu pescoço

Intolerância á Lactose.

 iluminada
parece estar sempre mais perto do sol
e floresce
como uma melodia
esquecida num violão
porta-se como poesia erudita
bem elaborada
encorpada
detalhada na escrita
sempre carece de outra cerveja
um novo affair
uma boca nova que te beija
e sem cerimônias
faz mandinga pra tudo que deseja
dispensa a calma sútil
das almas tranquilas
de caras normais
prefere se deitar em camas caóticas
de sujeitos de índole duvidosa
nota-se sua queda
quase obscena
por qualquer mau caráter
que não valha a pena
entende-se
que seu vicio
seja o de querer fugir
de tudo que te de paz
por isso você delira 
e se entrega a toda paixão que seja fugaz
mas devido
ao meu histórico de crime e suicídio
você deve ter percebido
que somos feitos de instantes perdidos
e que instantes que se perdem
não voltam mais

Lúcida Tereza.

quando visito teu corpo

sou um turista 

que se perde nas encruzilhadas 
de seu ventre sempre morno

e como um cachorro
farejo suas pistas

aprecio a vista
decifro tuas estrias,

gosto da textura
da sua pele imaculada em moldura

seus traços de santa católica

sua beleza exótica

meio pagã

meio cigana
que por vaidade ou libertinagem
engana quem te ama

e esconde os pecados escritos num diário

sorrindo nega tudo 

de pés juntos

cínica resplandece

por telepatia escuta minhas preces

para evitar tumulto

me da um beijo

me serve outro uísque

ás vezes tenho a leve impressão

de que você me acha louco

pelo fato de eu beber muito e falar pouco

mas permissivo

acho bonito

você sambando em cima do meu coração

Roxo Ipê.

 você me procura
como se eu tivesse a cura
pra suas dores homeopáticas
suas loucuras são hereditárias
e compatíveis com as minhas
você acredita num deus minimalista
e delira ateísta
como se tivesse esquizofrenia
mas não liga que eu desconte toda minha raiva
no uísque
e ri da sinfonia das crianças órfãs
das bonecas amputadas
e das nossas fodas reprises
eu noto em você a ausência triste 
de qualquer sentimento que indique
amor, paixão ou afeto
entendo que pra você
ao seu ver
esse órgão do lado esquerdo de seu peito
seja um peso morto
e só sua carne seja quente
por isso sempre recomendo:
- nega, quem não ama fica doente.
eu sei 
você sabe
que sexo não preenche
o vazio de um coração carente.